Saúde e bem-estar

Infertilidade e os sintomas de quem não pode engravidar

Camila Luz
1 Dec, 2022
4 min. de leitura
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Não existe um documento que comprove a infertilidade feminina, ou que garanta que você é fértil. O tema é mais subjetivo e a dra. Rebeca Gerhardt conta tudo sobre ele!

A infertilidade feminina é um daqueles temas para o qual a ciência não tem muita resposta – e também é um dos estigmas que a gente precisa desconstruir. Batemos um papo com a ginecologista Rebeca Gerhardt e ela nos contou que fertilidade é sobre o casal, e não só sobre a mulher. A especialista também explicou por que é tão difícil responder à pergunta: quais os sintomas de quem não pode engravidar?

 

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O estigma da infertilidade feminina

No passado, uma mulher infértil podia ser alvo de muito preconceito, encarada quase como se tivesse falhado em sua principal missão: a de conceber um bebê.

 

Hoje, essa ideia está caindo por terra... ainda bem! Claro que o corpo feminino é capaz de praticamente fazer milagres (acho que todo mundo concorda 😅), mas a verdade é que ele também está suscetível a doenças e problemas que podem dificultar uma gestação. Afinal, é um corpo humano, feito de carne e osso. Além disso, o organismo da mulher não é uma fábrica de fazer bebês, né? E nem toda mulher quer gerar um bebê -- ter filhos não é uma obrigação. 

 

Mas quando queremos gerar um filho biológico, sempre bate aquela preocupação. Será que sou infértil? Segundo a dra. Rebeca, não há um atestado que comprove a fertilidade feminina. É possível investigar a presença de algumas condições de saúde que dificultem uma gestação, mas a única forma de saber mesmo se você pode ficar grávida é tentar!

 

"A análise da capacidade reprodutiva é como uma fotografia que registra um momento. A gente tem a expectativa de receber um documento, reconhecido em cartório, que ateste que somos férteis. Mas a fertilidade passa por várias camadas de nosso trato reprodutor", diz.

 

A ginecologista diz que a análise é dinâmica e também depende do momento de vida da mulher. "É muito delicado. Se você não está tentando engravidar, eu não posso te responder se você é fértil ou não", diz.

 

Em média, 85% dos casais que estão tentando gerar um bebê engravidam dentro de um ano. Se não rolar dentro desse período, é importante conversar com o ginecologista para verificar se há algum problema. É importante destacar que a mulher não deve ser responsabilizada – cerca de 50% dos fatores que provocam as dificuldades para engravidar estão relacionadas ao homem.

  

Em mulheres com mais de 35 anos, o ginecologista geralmente fica mais atento. Se o casal não engravidar dentro de seis meses, é importante investigar as causas mais cedo. Isso ocorre pois, após essa idade, geralmente há uma diminuição da qualidade e quantidade dos óvulos, o que torna o processo mais difícil. Então, pode ser preciso agir mais rápido e buscar soluções.

 

Sinais de infertilidade feminina

O corpo não dá sinais de que é infértil. No entanto, existem algumas condições de saúde que podem provocar tanto infertilidade quanto sintomas difíceis de ignorar, como o fluxo muito intenso, aquele que atrapalha a vida diária, e bastante dor durante a menstruação.

 

A endometriose, por exemplo, é uma doença que ocorre quando as células do endométrio (o tecido que reveste o útero por dentro) crescem em outras partes do corpo, mas agem como se estivessem no útero, crescendo e “morrendo” mensalmente. A condição pode causar dificuldades para engravidar, além de muita dor e fluxo mais intenso. 

 

O mesmo vale para os miomas no útero. Eles são tumores benignos que aparecem com uma certa frequência e que, apesar de não serem graves, podem ser bastante incômodos, provocando sangramento menstrual intenso, muita cólica e dor. Dependendo da posição e tamanho, os miomas podem dificultar uma possível gestação.

 

Na presença de sintomas como sangramento excessivo durante a menstruação e muita cólica ou dor, o médico poderá investigar as causas e descobrir uma endometriose, miomas ou outras doenças uterinas que podem provocar infertilidade. Aí, será preciso tratá-las para aumentar as chances de gravidez.

 

Mas também existem outros fatores que podem provocar infertilidade em mulheres. O PH vaginal é um valor que indica o equilíbrio da flora, o conjunto de microrganismos que vivem na região íntima da ppk e que a mantêm saudável. Quando esse PH está desequilibrado, o espermatozoide tem mais dificuldade para chegar até o óvulo. Más formações do aparelho reprodutivo também podem dificultar uma gravidez. Disfunções ovularias e hormonais, também. As causas podem ser inúmeras e, em alguns casos, são tratáveis ou contornáveis.

 

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Por que não consigo engravidar?

Se você está determinada na missão de engravidar, transando sem camisinha durante o período fértil sem usar nenhum método contraceptivo, é importante consultar o ginecologista caso as tentativas estejam ocorrendo há certo tempo sem sucesso. O médico irá investigar a qualidade da sua menstruação para descartar a possibilidade de doenças uterinas. Ele também poderá pedir exames de imagem e de sangue para buscar outras hipóteses.  

 

Mas segundo a dra. Rebeca, o mais importante é deixar qualquer neura de lado. Pressão para engravidar nunca ajuda, especialmente quando recai só sobre os ombros da mulher. O apoio de um ginecologista de confiança, com quem você se sinta confortável e possa manter um diálogo aberto, é fundamental. 

 

E a dra. Rebeca reforça: não dá para garantir que uma mulher seja fértil ou infértil. Dá para traçar um panorama de possibilidades naquele momento da vida e lidar com elas.

 

E se você não quer engravidar, é importante sempre fazer uso de métodos contraceptivos, tá? Só assim para chegar mais perto de garantir que uma gestação indesejada não irá acontecer. 

 

Camila Luz 

Jornalista formada pela Cásper Líbero, estudou Mídias Internacionais na Université Paris 8 e é mestre em Jornalismo e Direitos Humanos, com especialização em Diplomacia, pela Sciences Po Paris. Escreve sobre saúde, ciência e tecnologia desde 2016, com maior dedicação à saúde da mulher. Também é consultora em comunicação para organizações internacionais. Vive em Washington D.C. (EUA) e é fã assídua dos livros da Elena Ferrante.

 

Dra. Rebeca

Ginecologista e obstetra formada pela Universidade Estadual de Londrina – sua cidade natal – compartilha todo seu conhecimento médico com Kira e suas leitoras. Fala sem estigmas sobre saúde íntima, sexualidade, cuidados com a ppk e autoestima.

A Kimberly-Clark Brasil não oferece garantias ou representações quanto à integridade ou precisão das informações. Estas informações devem ser usadas apenas como um guia e não devem ser consideradas como um substituto para aconselhamento médico profissional ou de outro profissional de saúde.