O que é endometriose, quais são os sintomas e tratamentos possíveis
Um guia pra saber tudo sobre a endometriose
A endometriose é uma doença que ocorre quando as células do endométrio (o tecido que reveste o útero internamente) crescem em outras partes do corpo, mas agem como se estivessem no útero, crescendo e “morrendo” mensalmente.
Pode parecer complicado de entender assim, então vamos dar um passo para trás e começar com a explicação mais básica: você sabe o que é o endométrio?
O que é endométrio?
Trata-se da camada que reveste o útero por dentro. Todos os meses a gente passa pelo ciclo menstrual e, ao longo desse ciclo, os hormônios progesterona e estrogênio (os principais hormônios femininos) agem sobre o corpo, o útero e o endométrio.
O endométrio, então, cresce forte e saudável na expectativa de que a gente engravide e essa camada "mais reforçada" sirva para acolher e proteger o bebê. Quando não rola a fecundação, os níveis desses dois hormônios caem, você menstrua e volta tudo ao normal com a ovulação no ciclo seguinte. Assim, o endométrio está sempre crescendo e se desfazendo, acompanhando o ciclo menstrual.
Até aqui, tudo certo!
Mas, então, o que é a endometriose?
O Ministério da Saúde define a endometriose como uma "doença inflamatória provocada por células do endométrio que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar".
Sim, é como se você tivesse uma menstruação rolando todo mês fora do seu útero e, por isso, a endometriose traz dores muito fortes e sangramentos intensos para quem tem esse diagnóstico.
Quais os principais sintomas da endometriose?
Os sintomas principais da endometriose são cólicas muito fortes e um período menstrual mais longo (maior do que sete dias). Esses são os dois principais sintomas da doença, mas também podem acontecer dores no abdômen como um todo, dor quando for ao banheiro durante a menstruação ou durante o sexo e, inclusive, infecção urinária.
O que causa endometriose?
A medicina ainda não tem uma resposta exata para essa pergunta, mas existem algumas teorias que geralmente são pensadas junto com os resultados dos exames que a mulher faz para diagnosticar (ou não) a endometriose. Entre as causas possíveis estão:
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Menstruação retrógrada: quando a menstruação vai para as trompas e outras áreas do abdômen ao invés de descer pela vagina. Aliás, essa condição é bem recorrente e acontece com 90% de nós mulheres, mas normalmente é bem de leve e não chega a atrapalhar a vida nem o ciclo menstrual;
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Células do endométrio viajam para outras partes do corpo pelo sistema linfático ou pelas veias, daí ficam por lá e se comportam como se estivessem no útero;
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Células de quando você ainda era um embrião na barriga da sua mãe e que estão em outras partes do corpo se transformam em células endometriais depois que você entra na puberdade, pelo efeito do estrogênio, crescendo e sangrando todo mês como se estivessem no útero;
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Genética, pois a ciência já constatou que ter mulheres na família com a doença aumenta sua chance de desenvolvê-la também;
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O estilo de vida, já que pesquisas conseguiram relacionar a combinação de estresse, sistema imunológico fragilizado e ansiedade com o surgimento da endometriose.
Estudos mostram que 30% a 40% das mulheres com endometriose são inférteis. Isso acontece devido à distorção da anatomia, a fatores imunológicos e hormonais.
No entanto, o diagnóstico não é determinante para a infertilidade, como a porcentagem acima deixa claro. Inclusive, há casos que mostram que a gravidez pode ter um efeito positivo na endometriose e seus sintomas, incluindo a dor.
O impacto da endometriose na fertilidade pode levar mulheres à procura por métodos de reprodução assistida, sendo uma possibilidade que se apresenta para mulheres que sentem dificuldade em engravidar por métodos naturais.
Como saber se eu tenho endometriose?
Para descobrir se as suas dores fortes durante a menstruação são por causa da endometriose, você precisa fazer exames de sangue e de imagem, mas antes de mais nada, precisa conversar com a sua médica.
Mais ou menos 20% das mulheres nem sabem que sofrem dessa doença, e acreditam que toda essa dor e esse fluxo intenso são normais. Só que não são! Nunca normalize sentir dor, ok?
Então, se você para a sua rotina (até mesmo as mais simples atividades cotidianas) durante sua menstruação, como ir à escola ou fazer atividade física, por conta de cólicas, converse com a sua médica.
Ela vai te fazer perguntas sobre o seu ciclo menstrual e seu histórico familiar e deve te pedir alguns exames de sangue - incluindo de CA-125, uma proteína que pode aparecer no sangue e é usada como marcador para esse diagnóstico específico da endometriose. A ginecologista também vai pedir uma ultrassonografia pélvica, para visualizar bem a situação da região toda.
Aliás, fica a dica: usando o calendário menstrual você tem as datas certinhas dos seus últimos ciclos para mostrar pra ginecologista. Isso pode ajudar a entender se a sua menstruação é longa ou não, e a intensidade do fluxo.
Quais são os tratamentos para endometriose?
Infelizmente, por se tratar de um diagnóstico bem específico e uma doença que não é muito conhecida, pode ser necessário realizar uma cirurgia para visualizar a região e confirmar se é mesmo endometriose 😕
O tratamento depende muito do diagnóstico, por isso ele é tão importante: com o passar dos ciclos, essas células de endométrio vão crescendo e podem "grudar" em outros órgãos, atrapalhando ou até interrompendo o funcionamento deles.
O tratamento também pode envolver remédios para aliviar a dor e existe a possibilidade de passar por tratamentos com hormônios, já que o estrogênio é considerado um dos responsáveis pela doença. Claro que isso vai variar de acordo com outros fatores específicos de cada paciente e, por isso, é tão importante conversar com uma médica ou até procurar uma especialista em endometriose.
Mas, olha, já existem pesquisas que apontam que mudar o estilo de vida pode influenciar na condição. Adotar uma alimentação saudável e praticar atividades físicas estão entre os hábitos que podem melhorar os sintomas da endometriose.
No final, o importante é que, depois de diagnosticada, a doença pode ser tratada e a mulher pode ter uma vida perfeitamente normal: é preciso acertar o melhor tratamento para cada caso e manter os exames de acompanhamento. O que vale é se cuidar sempre!