Educação menstrual. Como falar de menstruação na escola com alunos e alunas
Aos educadores de plantão, 5 dicas sobre educação menstrual
Falar sobre menstruação e inserir a educação menstrual na escola pode ser um desafio, mas é extremamente necessário. Um dos principais motivos disso é a quantidade de meninas afetadas pela pobreza menstrual, um problema sério e que não significa apenas falta de absorventes, como também falta de informação e apoio para viver o ciclo tranquilamente.
Um professor tem o poder de mudar a vida de um estudante, e, isso inclui, também, falar sobre temas que fazem parte de suas vidas, como a menstruação, e colaborar para a dignidade menstrual.
Como falar de menstruação na escola, com alunos e alunas
Abaixo, listamos cinco dicas de como educadores podem abordar o tema da menstruação na escola e inserir a educação sexual no dia a dia dos alunos:
Não tenha medo do constrangimento
Inicie a conversa sobre menstruação! Vai ser estranho? Pode ser que sim, mas a boa notícia é que você é o adulto, enquanto eles são os adolescentes. Você já tem as ferramentas emocionais para lidar com situações constrangedoras. Separe um tempo da aula – na de ciências é ótimo – e faça uma explicação óbvia de o que é menstruação, porque muitos alunos não sabem o básico.
Rebata os risinhos e piadinhas com bom-humor e firmeza ao mesmo tempo e coloque um compromisso mensal de falar sobre menstruação e saúde reprodutiva, mesmo que por apenas 15 minutos de aula. Os alunos não deixam transparecer, mas precisam de alguém em quem confiar para falar sobre isso – mesmo se não tiverem coragem de se manifestar em sala de aula na frente de todo mundo.
Explique como funciona a menstruação
Uma ideia é falar sobre a primeira menstruação, o ciclo menstrual e como ele acontece. O que é normal, quais são as coisas que as meninas podem sentir e vivenciar. Isso serve para que elas se espelhem e não se sintam diferentes, e também para gerar empatia nos meninos. A saúde reprodutiva é uma questão de toda a sociedade, e não só de quem menstrua. É importante não usar apelidos para os órgãos sexuais, e sim falar termos como "vulva", "ovário", "menstruação".
Deixe claro que é normal ter dúvidas sobre menstruação e não saber como as coisas funcionam direito – estamos todos aprendendo! E também que é normal ter vergonha de falar sobre isso. Mas conversar é necessário e sempre com pessoas de confiança dos alunos.
Indique conteúdos
Dê dicas de canais de YouTube, vídeos, livros, matérias e até dos nossos conteúdos, da comunidade Kira 😊 A calculadora menstrual de Kira está aqui para ser um apoio para pessoas que menstruam de todas as idades. Sempre que descobrir um conteúdo novo ou uma influenciadora que fala de saúde reprodutiva, indique para seus alunos – muitas vezes eles já conhecem e esse pode ser um momento de conversar mais a fundo sobre alguns temas, partindo de uma perspectiva dos jovens.
Dê dicas de higiene menstrual
Mais uma vez, pode ser constrangedor, mas é necessário abordar temas que fazem a diferença na saúde dos alunos. Fale sobre frequência de troca de absorventes e sobre como o sangue menstrual não é uma coisa suja, nem cheira mal, e coloque o colégio à disposição para atender as alunas no caso de dúvidas, cólicas e outros problemas. Tente estruturar uma pequena operação com a coordenação e enfermaria do colégio, se houver. Em um país em que uma a cada quatro meninas falta às aulas por não ter acesso à absorventes higiênicos, é importante que a escola conte com esses itens. Sabemos que nem todas as instituições têm recursos para isso, mas quem sabe professores, diretores e funcionários possam se unir para criar um pequeno estoque?
Não tire os meninos da sala!
É triste pensar que na nossa sociedade os homens ainda acham que não fazem parte da reprodução – e que não devem saber nada sobre o ciclo menstrual das mulheres. É importante que os meninos participem da conversa por vários motivos. Primeiro, porque muitas vezes as famílias não acham necessário explicar a eles como funciona o ciclo menstrual, a importância de menstruar e detalhes sobre o que é a menstruação. E em segundo lugar, porque muitas vezes eles podem ter medo ou nojo do sangue menstrual por puro preconceito e falta de informação. E, em terceiro lugar, para estimular que tenham empatia pelas meninas e pelo mundo feminino como um todo, fazendo deles homens melhores no futuro.
Faça questão de dar mais voz para as meninas e garantir a proteção delas – eles não têm o direito de fazer piada dos problemas das colegas, por exemplo. Então, cuide da segurança das meninas sem deixá-los de fora. Menino faz parte de conversa sobre menstruação, sim!
Tati Barros
Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.