A Sororidade como comportamento diário para Mulheres
Sororidade pode ser considerada a palavra do ano, um termo tão importante para as mulheres e para como cuidamos umas das outras na sociedade atual. Vamos falar sobre?
Entenda melhor esse conceito que, pode ser novo, mas faz toda a diferença em um mundo mais igual
No dicionário, sororidade é a relação de união e irmandade entre mulheres. Quando Manu Gavassi usou a palavra para justificar seu voto em Prior, as buscas pelo termo no Google aumentaram 150%, mostrando que na prática, tem muita “mana” que ainda não sabe o que é isso. Então vamos lá que a ideia é simples e no fim das contas, muda muita coisa pra gente.
Sororidade é um conceito que está dentro do feminismo, e é simplesmente tratar as mulheres numa espécie de parceria, com muita empatia e sem julgamentos, para que todas possam conquistar um objetivo em comum. É aquela amiga que topa o rolê mais estranho e que acaba sendo super divertido; ou a que sempre tem um abraço carinhoso para te dar, sem se importar o motivo que te fez pedir isso; e aquela que você ajuda e defende com toda a vontade do mundo. Imagina tudo isso, mas com mulheres que você não conhece na mesma medida que as suas amigas, primas ou irmãs. Basicamente, isso é sororidade.
Que o mundo está mudando, você já cansou de ouvir. Seja em casa, na escola ou até no trabalho, tem sempre alguém dizendo que as coisas não são mais como antigamente. Em alguns momentos isso é ruim, em outros, é uma questão muito positiva. A sororidade é um desses benefícios do mundo moderno e em constante transformação. Porque ela fortalece a todas nós, mulheres.
Lembra do movimento #MeToo (ou #EuTambém, em português), que mulheres começaram a se pronunciar publicamente para denunciar casos de abuso, primeiro na indústria do cinema, depois em outras áreas do mercado? Então, um exemplo de sororidade. Ou quando um monte de atrizes da Globo lançaram a campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas, cobrando uma postura da emissora a respeito de uma denúncia de abuso? Outro exemplo aqui. Nos dois casos, foi o “barulho” que todas essas mulheres fizeram que mostrou que comportamentos abusivos não iam passar batido (como passavam antigamente).
Você pode até estar pensando como é que essa coisa de “ninguém solta a mão de ninguém” mundial ajuda no dia a dia, ou na sua vida especificamente. Além de sentir (e saber) que você não está sozinha, essa união feminina mostra para os homens (e para o resto da sociedade) que não vamos mais tolerar sermos tratadas como inferiores, desvalorizadas ou como se não fôssemos incríveis e capazes de tudo! E que, se alguém achar que não somos tudo isso, vai ter um monte de mulher para apontar o dedo para essa pessoa e dizer “ah, mas somos sim!”.
E aí, nessa rede de apoio entre todas, também surge muito acolhimento entre nós, o que nos ajuda a desconstruir alguns estigmas sobre ser mulher, como a de que não podemos ser amigas de outras mulheres, de que temos que competir umas com as outras ou de que só conseguiremos ganhar se alguém sair perdendo. Olha só a importância de desconstruir essas ideias:
- Quando a gente pensa que não pode ter amigas (de verdade, bem #bff) mulheres, reforçamos o conceito de que as mulheres não são confiáveis, né? E isso afasta a gente no momento em que deveríamos nos unir para lutar pelas causas e “batalhas” que são importantes para todas nós - além de ser uma ideia super errada, porque nada como um abraço e um olhar feminino no momento em que a gente precisa!
- Competir entre nós, pensando que temos que ser mais bonitas/ magras/ arrumadas/ sensuais/ qualquer coisa do que outra mulher para conquistar ou manter qualquer coisa que a gente deseja, basicamente estamos tirando a responsabilidade de qualquer outra parte envolvida e colocando tudo em nós mesmas. O que, além de ser algo que não está no nosso controle, é um peso enorme para nós, “simples mortais” que erramos e acertamos infinitas vezes na vida.
Você já deve ter ouvido uma história (ou comentário) sobre uma mulher que “seduziu” um cara. Já reparou que nessas situações, o homem é sempre retratado como vítima da situação e a mulher como vilã? Pois então, esse é um retrato perfeito dessa tal competição feminina. Porque aí, provavelmente, a namorada briga com a amante e o cara fica como bonzinho da história - que lucro, hein?
- Por último, tem a história de que só conseguiremos conquistar se alguém perder, ou elogiar alguém diminuindo outra pessoa, e por aí vai. Mas se você valoriza as suas conquistas e a dos outros quase que na mesma medida, vai perceber que todo mundo sai ganhando nessa situação! Por isso dá, sim, pra ficar super feliz pela amiga que conseguiu um emprego e pela amiga que se apaixonou e é correspondida, enquanto elas ficam felizes por você que está se formando agora. Como cada história é única, todas nós temos nosso próprio tempo para conquistar nossos objetivos e realizar nossos sonhos, não podemos comparar. E não ficaremos menos inteligentes, bonitas ou felizes por celebrar uma pessoa inteligente, bonita e feliz. Na verdade, tem quem diga que isso só aumenta a lista de adjetivos de todas nós.
Deu para perceber como a sororidade é importante e como a gente consegue aplicar isso no dia a dia? Olhar para as outras mulheres com mais empatia deixa esses relacionamentos todos mais leves e fáceis. Se não estamos julgando alguém pelas escolhas, atitudes ou falas dela, temos grandes chances de não sermos julgadas também. E isso deixa tudo muito mais fácil e acolhedor, sem falar que muito menos assustador, porque não importa se é uma amiga de longa data ou só uma mana que te ajudou no busão: você sabe que não está sozinha. E na correria dos dias de hoje (em tantos sentidos diferentes), isso faz toda a diferença! ;)