Saúde mental, você tem cuidado da sua?

O Setembro Amarelo é uma data criada com o objetivo de acabar com o estigma da depressão e, com isso, reduzir os casos de suicídio. Mas saúde mental é um assunto que tem que ser falado durante todo o ano. Em um mundo que ainda sofre com as consequências da pandemia da covid-19, esse é um tema ainda mais importante.

Um estudo da USP mostrou que a depressão chegou a atingir 30% da população, em 2020, sendo que as pessoas mais afetadas pelos transtornos foram jovens, do sexo feminino e com menor nível educacional.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde mental refere-se ao bem-estar da pessoa, permitindo que ela desenvolva suas habilidades pessoais, consiga lidar com os estresses da vida, trabalhe de forma produtiva e esteja apta a dar sua contribuição para sua comunidade.

Mas a gente sabe que, quando o assunto é saúde mental da mulher, é preciso enfrentar os estigmas que o machismo coloca sobre o tema. Quem nunca foi chamada de louca, dramática ou histérica? Que mulher, ao tentar se impor e falar de forma mais enfática, foi questionada se estava na TPM?

Pode parecer que não, mas tudo isso tem relação com a saúde mental feminina. Não é à toa que, de acordo com estudos, as mulheres têm risco duas vezes mais de sofrer de depressão e de transtornos de ansiedade.

Um artigo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostrou que durante todo o ciclo reprodutivo feminino, da menarca (que é a primeira menstruação) até a menopausa (a última), aumentam os casos de depressão, transtornos de ansiedade e o transtorno disfórico pré-menstrual. 

Aliás, esse último problema, de acordo com o estudo, atinge 5% das mulheres, e hoje é classificado como um subtipo de depressão na 5ª edição do Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria.

Para além da questão hormonal que citamos, há a sobrecarga que as mulheres sofrem na esfera familiar. Quantas, diante de uma cultura machista que ainda se impõe, se veem obrigadas a cuidarem sozinhas de todos os afazeres domésticos, dos filhos, além de precisarem trabalhar fora de casa?

Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.