Conheça as possíveis causas da baixa libido

Podemos considerar bem recente, quase embrionária, a liberdade adquirida pelas mulheres para falarem abertamente sobre suas vidas sexuais, incluindo desejos, fetiches, questionamentos, expectativas e frustrações. E essa é uma baita conquista! 

Mas como tudo o que é novidade, é preciso aprender a lidar de uma forma saudável. Por exemplo: você pode cair no erro de comparar o seu desejo sexual com a da sua amiga (baseado apenas no que ela te diz) e, com isso, acreditar que possui libido baixa. Mas será que seu tesão anda em baixa mesmo ou isso é só uma comparação infundada? Vamos entender melhor esse assunto.

Também conhecido como DSH, o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo é um problema que é identificado a partir da percepção de redução no desejo sexual. A dra. Rebeca Gerhardt destaca que, para isso, deve ser analisando o seu perfil e como costuma ser a sua libido, combinado, claro, com uma consulta ginecológica completa. 

“É importante ter em mente que a sua base de comparação não deve ser o outro, seja parceiro (a) ou amiga. A sua libido é algo muito particular e individual”, alerta. 

A baixa libido feminina é uma condição multifatorial, ou seja, pode estar ligada a causas de origem hormonal, psicológica e emocional. “Esse é um assunto superamplo, que não pode ser colocado em apenas uma caixinha, e sim deve-se analisar uma série de fatores. Muito mais que um exame, é preciso uma conversa completa com o especialista que lida com sexualidade”, diz a dra. Rebeca. 

Do ponto de vista hormonal e fisiológico, a baixa libido costuma ser presente em mulheres que fazem uso de anticoncepcionais que impedem a ovulação por um longo período. Mas a ginecologista enfatiza que isso é mais comum na perimenopausa, que ocorre na faixa dos 40 até os 50 anos, quando há uma queda de hormônios que favorecem a aptidão sexual. “Mas, de novo, esse não deve ser o único fator a ser analisado.”

Muito mais que enumerar sintomas que indicam uma libido baixa, é preciso alertar que é muito importante alinhar as suas expectativas e entender como funciona a libido feminina. 

A dra. Rebeca explica que há diagnósticos em excesso de libido hipoativa, uma vez que se espera o surgimento de um desejo espontâneo. Porém, precisamos considerar que o desejo sexual feminino é responsivo a algum estímulo, seja ele físico ou mental. 

“Não podemos, de forma alguma, desassociar a autorresponsabilidade da mulher sobre a sua sexualidade e transferir apenas para fatores externos, como o uso de medicamentos, por exemplo", afirma a médica. "E é justamente isso que se tem feito historicamente, ao tirar o protagonismo feminino, fazendo com que o seu sexo seja sobre o outro.”

Esse é um tratamento que só é eficaz se for feito de forma individualizada, considerando os motivos desencadeadores do distúrbio. Na maioria das vezes, o tratamento envolve mudanças comportamentais para uma maior erotização dessa mulher. Podem, ainda, ser realizadas reposição hormonal, fisioterapia, acompanhamento psicológico, entre outras abordagens.

Concluindo: para se ter um diagnóstico sério em relação à baixa libido é necessário fazer uma consulta ginecológica que vai considerar diversos fatores individuais, ok? Nada de ficar comparando a sua vontade de transar com a dos outros, combinado?

Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.