Entendendo melhor novos arranjos familiares no mês do orgulho LGBTQIA+
No mês do Orgulho LGBTQIA+ (ou em qualquer outra época do ano), é hora de conhecer os novos arranjos familiares e questionar estigmas
Junho é o mês do orgulho LGBTQIA+. Além de celebrar MUITO essa diversidade tão enriquecedora e maravilhosa, que tal aproveitar a ocasião para aprender mais sobre homoafetividade e os novos arranjos familiares?
Questionar estigmas não é só sobre a sua evolução pessoal. Para membros da comunidade, é uma questão de sobrevivência. Segundo uma pesquisa sobre violência contra pessoas LGBTQIA+, conduzida pela mídia Gênero e Número, mais de 50% dos participantes relataram ter sofrido pelo menos uma agressão desde 2018. Além disso, um em cada três foi ameaçado, agredido ou perseguido nas redes sociais. Triste demais!
Ao mesmo tempo, o número de casamentos homoafetivos aumentou muito no Brasil. O número de uniões oficiais entre pessoas do mesmo gênero aumentou 96% em 2018 em relação a 2014!
Só que infelizmente a vida de casais homoafetivos e de seus familiares está em risco no Brasil. Por isso, é hora de derrubar preconceitos. E nada melhor do que se informar para chegar lá. Vamos juntxs?
Tipos de família: quais são eles?
O conceito de família é dinâmico. Se antes ele era baseado na união entre um homem cisgênero e uma mulher cisgênero, agora as regras não existem mais.
Mas pera lá, você não sabe o que é cisgênero? A gente te explica.
Quando a pessoa se identifica com o gênero que lhe foi designado ao nascer, ela é cisgênero. Portanto, se você tem uma vagina e se entende como mulher, você é uma mulher cis. Já se alguém nasceu com um pênis, mas tem uma disforia de gênero (nesse caso, se identifica como mulher), é uma mulher trans.
Ser cis ou trans é diferente do conceito de orientação sexual, que define por quem nos sentimos atraídos:
· Homossexual (desejo orientado para pessoas do mesmo sexo)
· Heterossexual (desejo orientado para pessoas do sexo oposto)
· Bissexual (desejo por pessoas de ambos os sexos)
Mas a sexualidade é cheia de camadas e, ao longo da vida, pode ser que suas preferências mudem. E tá tudo certo, né? Quem manda é o coração, a vontade e o desejo.
Bom, agora que já falamos um pouquinho sobre os termos que você precisa conhecer, voltamos aos novos arranjos familiares. Em poucas palavras, eles extrapolam a ideia de que a família precisa ser constituída por um homem cis, uma mulher cis e seus filhos. Ela pode ser formada por pessoas do mesmo gênero ou por pessoas trans, como:
Duas pessoas cis do mesmo gênero
Uma pessoa cis e uma pessoa trans
Duas pessoas trans
…e assim por diante!
Existem, também, as famílias monoparentais, ou seja, pessoas que escolhem criar seus filhos sozinhas.
Importante lembrar que, infelizmente, as famílias monoparentais nem sempre ocorrem por escolha própria. Também rola muito abandono parental, frequentemente por parte do homem cis. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 11 milhões de mães solo no Brasil.
A família homoafetiva é reconhecida no Brasil?
A família homoafetiva é aquela composta por pessoas homossexuais, ou seja, que sentem atração por pessoas do mesmo sexo.
No Brasil, ela é reconhecida desde 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a união entre pessoas LGBTQIA+ e heterossexuais. Dois anos mais tarde, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que obriga os cartórios brasileiros e realizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo, assim como a convertê-la em casamento. Uma vitória!
Mas há um "mas": o casamento homoafetivo não é reconhecido pela Constituição brasileira e nem pelo Código Civil. Portanto, não é lei. Muitos projetos propõem torná-lo lei, mas enfrentam barreiras impostas por políticos mais conservadores.
Apesar dos avanços, os casais homoafetivos ainda enfrentam muitas dificuldades para simplesmente existir no Brasil. Em junho e no resto do ano, procure conscientizar quem não entende os conceitos. Toda família merece respeito, seja ela como for.